Nos últimos 8 anos, ganho de quem fez faculdade teve 0,3% de aumento real, contra 30,6% dos com nível fundamental. Número de trabalhadores com diploma universitário cresceu 63%, o que, para economista, contribuiu para a queda na renda.
O diploma de curso superior não tem assegurado, necessariamente, crescimento do poder de compra nos últimos anos, mostra recente estudo feito pelo IBGE.
Na média, a renda dos trabalhadores com diploma universitário ficou praticamente estagnada de 2003 a 2011.
Nesse período, o salário médio desse grupo teve ganho real (acima da inflação) de apenas 0,3%, indo a R$ 3.850,52.
Na outra ponta, a remuneração média dos trabalhadores que têm até oito anos de escolaridade subiu 30,6% acima da inflação nesses últimos oito anos.
O estudo do IBGE abrange as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre.
Para o economista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) João Saboia, a estagnação da renda média entre graduados mostra que não há um apagão generalizado de profissionais qualificados.
Segundo o IBGE, o número de trabalhadores com curso superior cresceu 63% nos últimos oito anos.
O economista do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Naércio Menezes recorre à lógica da oferta e da demanda para afirmar que o número maior de profissionais com nível superior limitou o ganho de renda nesse grupo.
Mas isso varia de acordo com as áreas de formação, dizem os dois economistas.
Saboia analisou o perfil dos cargos formais gerados para profissionais com ensino superior em 2010 e notou que a carência de mão de obra é mais concentrada em áreas de perfil técnico, como física, química, engenharia, matemática e biotecnologia.
A demanda por esses profissionais vem crescendo com a expansão dos setores de construção civil, infraestrutura e petróleo, explica.
HUMANAS X EXATAS
Segundo levantamento feito pela Folha a partir de dados do Ministério da Educação, apenas 13,6% dos alunos que concluíram a universidade entre 2001 e 2010 se graduaram em cursos de exatas como os listados acima.
A grande maioria (67,6%) veio de áreas de humanas, como direito, educação, ciências sociais e artes. Saboia observa que parte desses profissionais não está conseguindo empregos em suas áreas.
Em seu estudo, ele descobriu também que 16% das novas vagas ocupadas em 2010 por pessoas com curso superior eram cargos de assistentes e auxiliares administrativos. Outros 4,7% eram postos técnicos de nível médio na indústria e no comércio.
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO